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terça-feira, 24 de abril de 2012

saudade do meu corpo quando dançava.
ele gostava muito desse tempo.
eu também.
hoje eu sinto um corpo cansado em mim.

me deito um pouco pra ver se ele sai.
devo tomar um banho?
e se dormir doze horas seguidas?
não posso
e odeio não poder.
corpo cansado permanecerá aqui.
por quanto tempo
peso
corpo
osso
quero me encontrar com meu corpo leve, elástico, flutuante mais vezes.
quero sentar nele mesmo
ouvir estralos de esforço
ver suor escorrer
e pingos
sentir os pés
doer
pesar em suspensão

quarta-feira, 18 de abril de 2012

papeis
comida
asfalto
vento no rosto
travessias
luzes de ônibus
caos de buzina
a rua como lar
pra quem não vive nela
a rua vai sendo
e é
uma poesia do que não é poético
sarjetas imundas
ratos
gatos
sorrateiros
homem bicho
humano
no asfalto
sem descanso
nem intervalo para o almoço
viver no trajeto
traçado em mim um caminho
sempre o mesmo
nunca o mesmo.
na rua que não é minha
nem deles
nem sua
nem de ninguém

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Raquel, Flávia e uma segunda-feira qualquer

Ah, segunda-feira! Dia de levar 1 hora e meia pra chegar no trabalho. Dia de IR para o trabalho!

Peguei chuva no caminho pra aula. Peguei chuva no prédio da escola. Sofri bullying em sala, rs.
Depois voltei cansada pra casa. A vida pesou um pouco porque nunca vejo alegria nos dias de chuva. Cheguei.

Antes disso, conheci a Raquel: moça alegremente inquieta, gentil, cheia de graça. Tomei com ela um café de máquina. Ops, um café não, um mocaccino que, na opinião dela, é o que tem de melhor por lá. Comemos biscoito de queijo. Ela pagou. E esperou com paciência a demora do meu xerox.

Ah! Segunda-feira também é o dia de perder aula! Pois bem.

Eu e Raquel passeamos repetidas vezes pelo prédio. Passamos pelos mesmos lugares. Falei de mim. Ela falou dela. Rimos um pouco. Como é bom conversar com um desconhecido pela primeira vez, pensei! Depois deixam de ser desconhecidos...não haverá mais primeira vez...Hahaha! Deixa pra lá!

Nesse meio tempo descobri coisas a seu respeito e também mostrei a ela, sem querer, algumas de minhas fraquezas. Percebi nela uma leve nostalgia, mas não devo dizer nada.

O que sei dela, contudo, é bem pouco. E acho que assim será: Já viajou para o Canadá. Me chamou de querida. Queria que eu lembrasse, de todo jeito, a localização da sala. Nada. Estudou comunicação, mas trabalha com cinema. Poderia tentar o mestrado, mas "não sei", "ainda tô em dúvida". É, entendo isso.

Perambulamos mais um pouco e, estou cansada, Marina, ela disse - não deve ser mineira, porque pronuncia todas as palavras inteirinhas, do começo ao fim.

Acho que vou sentar um pouco aqui e dar uns tragos, disse. Sentamos.


Alguns detalhes singelos em pouco mais de trinta minutos. Raquel, me chamou pelo nome várias vezes. Achei que ela fez isso porque queria que eu tivesse a certeza de que, pra ela, chamar alguém pelo nome é algo importante. Bom, se a intenção era essa funcionou, eu me senti importante. Se não era essa, deixa pra lá, rs...

Foram bons minutos de procura. O prédio era um labirinto sem fim. E sentadas ali, perto da moça dos doces, conhecemos a Flávia!

Conhecemos a Flávia, uma travesti que, educadamente, nos convidou para almoçar, enquanto abria gentilmente sua convidativa marmita, com um punhado de arroz. Três e meia da tarde.

A marmita era: vasilha de plástico transparente, tampa azul, muito arroz dentro. E a Flávia era: chinelo havaianas branco, cabelo cumprido espichado, blusa frente única que queria ser sensual, brincos longos, alguns dentes tortos, um popô apertado na calça jeans justa e um sorrisão bem simpático no rosto.

Sentou-se ao nosso lado e contou o quanto ela era honesta: :um dia encontrou um celular perdido e esperou a dona do aparelho entrar em contato para devolvê-lo.

Ficamos contentes em ouvir a estória e rendemos prosa. Ela disse que sempre encontra coisas. Outro dia foi uma sombrinha que tava perdida ali mesmo, mas aí, como no caso de sombrinha não tinha muito jeito, resolveu ficar com ela. Vai que chove, né, disse sorridente. Sua voz tentava ser mais aguda que a minha.

Despedimos da Flávia porque, finalmente, alguém nos indicou o caminho para a tal sala desaparecida. Boa alma!

No caminho, Raquel disse aos risos:

 Parece uma aventura, Marina. Nós aqui, perdidas na Fafich, procurando uma sala de aula... Já choveu, já parou de chover... Conhecemos a Flávia...Que figura!

 É, rende uma crônica isso, Raquel. Vontade de ir embora pra casa, sentar em frente ao computador e escrever loucamente...

 Feito. Eis o registro!

sexta-feira, 13 de abril de 2012


Poesia pura. inda vou escrever um roteiro para teatro, ou um curta para cinema ou só um conto mesmo baseado nessa canção hipnoticamente melódica. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Eu vou me casar. Vai demorar um pouco, mas vou. Estou feliz, mesmo que demore um pouco para eu ser mais feliz.
A felicidade é um troço estranho mesmo! Ela existe dentro de mim porque mesmo sem nada ter acontecido ainda eu já me sinto plenamente feliz!

A raposa disse ao princepezinho: "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz."

Eu digo ao meu amor: "Se você se casar comigo em setembro próximo, desde hoje eu começarei a ser feliz."


Sim.
Aceito.
Amém!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

chorei porque fui desvendada. chorei por que fui invadida. chorei por não ser preservada, por não me proteger, sobretudo contra todas as formas de dominação, de aspereza, de descuido. 

chorei também por covardia, por medo e por um pouco de dor. chorei por receio, pelo quê? 
chorei. e mesmo que não seja um ato louvável também não é vergonhoso. por que seria?

chorei por ser emocional, por ser passional, por não ser racional? Chorei por nada disso e por ter um pouco de cada coisa. chorei por ser indie ou só idiota?