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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

estudei comunicação porque queria ser jornalista, aí eu fiz publicidade pra criticar a propaganda. quando me formei quis fazer cinema. estudei política e fui protestar na rua. fiz um vídeo sobre um estranho. minha vida faz todo sentido do mundo quando tô no meio da multidão. eu costumo fazer uma coisa diferente todo dia. dá trabalho pra caramba, mas é bão demais! hoje eu já consigo beber dez copos d'água por semana. não me sinto mais saudável por isso. um dia vou ser vegetariana, mas não vai ser suficiente. mudo os planos a todo instante. sou geminiana. E talvez seja desnecessário dizer: sou idealista. descobri que escrever sem maiúsculas é mais legal, mas é tão difícil mudar os hábitos... já pensei em largar tudo, mas não deu certo. já me importei mais com o que os outros pensavam de mim, mas não deu certo. Já pensei que a vida podia ser vivida sem leveza, não deu certo. em todo o resto eu fui feliz. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

às vezes tenho a sensação de que partirei cedo. De doença ou de amor, sabe lá... e sinto muito por isso. Sinto mesmo, só por estar viva...um contentamento triste de quem se vai. Ao mesmo tempo, sei que pode ser também um pouco, se sabe, de sabedoria disfarçada em mim, de ter a certeza de que nesse mundo, essa é a verdade e talvez nada mais. É verdade, bem se sabe, que um dia, todos terão de ir, que um mundo tão grande e vasto e eterno e de tanta gente não se compara à nossa ínfima existência e que talvez, por isso também, nenhuma sabedoria humana dê conta de qualquer sabedoria da terra, nem pode ser comparada a um fio de ação da natureza. Nós, seres etéreos, de símbolo, de falta, nem disso nos damos conta... pobre de nós! Ainda tenho muito a aprender e sigo assim, tateando na linha turva da existência o conhecimento todo que me falta, que eu nunca saberei e que jamais será o bastante. Vou engatinhando para o conhecimento deste fim de ciclo, que é a vida terrena. Boa reflexão para o fim de ano, encerra-se um ciclo, começa outro. Somos nós que passamos e todo o resto que permanece. Mas o fato é que não basta ser sem pensamento.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

era violentamente doce
Amor, quanto tempo a fumaça do cigarro vai continuar no meu pulmão, perguntou já debaixo do chuveiro. Foi engraçado. Quanto tempo a fumaça do cigarro vai ficar no meu pulmão, amor? Te pergunto o mesmo. Respostas diferentes.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

meu desejo é ter que fazer tudo pra não ter que fazer nada.
é só fazer aquilo que se quer, na hora exata da vontade mesmo.

o tempo passou e eu fiquei aqui
nesse computador fixo
e vi a chuva cair com força lá fora
destroçando tudo

é só mais uma tarde de fim de ano
as coisas se arrastam
o tempo escorre pingando do teto
 e esse total desconhecimento de ser

uma produtividade sem fim
a falta de finalidade mais pura
não há demora sem pressa

eu sinto desejos mútliplos
de ligar uma tela e projeção
reproduzir som de água caindo

de dormir com retalho carmim
de pisar em grama serena e vento

eu não vejo nada além da política das coisas todas
o mundo inteiro é contestação
eu luto por liberdade
pelo meu querer de sempre
sempre novo
nunca novo

eu quero não desejar nada que me ofereçam
alguns chamam isso de independência
outros de frescura
mas pra mim
liberdade existe só assim mesmo

quando o desejo é maior
mair que a própria existência

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

me desenha um carneiro, pediu o principezinho.
Eu já tive mais medo de chuva. Ainda tenho, mas agora menos. Hoje, quando a chuva cai, fico pensando em quantos barracos desmoronam por aí, em quantos carros são arrastados pela correnteza, em quantas crianças jogam futebol nos campos de terra debaixo da tempestade, em quantas famílias pobres ficam sem luz o resto do dia nos rincões. Enquanto eu, dentro do meu apartamento, no quinto andar, com todas as janelas fechadas, sinto assim um tantinho de medo. Medo que nada! Sai pra lá, bicho ruim!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011




Poesia escorre da fresta,
Recolhe num canto
Mancha o piso de tinta
Esmaece
Bate na pedra
Permanece.

Fala conosco calado
Nada pelado
Anda quieto e ligeiro
Sem ninguém perceber
Sobe o morro
Picha a cidade
Corre de um lado

Levada no vento
Não quer perecer

É registro
É palavra
É silêncio
É sofrer

Poesia não é nada pra quem não a vê


alguns minutos depois. 



É verdade, só se pode fotografar o que é "fotografável". Mas a casca da banana fotografada parece ter cinco dedos - três abertos e dois dobrados - sobre a mesa. E se você olhar mais uma vez, pode até ver outra coisa, quem sabe. Queria um USB na mente e no coração, pra descarregar a todo instante as imagens que se formam na imaginação. 

sábado, 10 de dezembro de 2011


Felizmente, nenhuma frustração dura muito. Acordei às sete e sentei bem aqui. Não tinha nada pra escrever. Fiquei só pensando. Antes chorei um pouco, mas não se pode chorar para sempre. As palavras vieram em seguida. Escrevi compulsiva, tentando fazer algum sentido. Tentando provar pra mim sabe-se lá o quê. Mas aí me lembrei daquela noite já quase distante, do álcool que bebi precipitadamente pela vitória incerta. E a gente não entende direito por que faz essas coisas, eu não entendo... deve haver alguma alegria na incerteza. Eu amarguei a ressaca do dia anterior e experimentei um minuto de felicidade pelo sétimo lugar. Depois, chorei todos os outros minutos do dia pelo dinheiro que não tinha. Tentei me lembrar de tudo que aprendi desde novembro. Só saiu isso: em todo processo (comunicativo) há fraturas e elas se revelam. Mas certas coisas não se resolvem: cá estou eu, escrevendo novamente. Se a noite foi difícil, acordei cedinho e vi o sol nascer. Felizmente, nenhuma frustração dura muito. Se algo mudou, além da experiência, foi só mesmo a minha  ingenuidade. Por enquanto,  até breve, mestrado. 

sábado, 3 de dezembro de 2011



Hoje foi um dia. Dia de dar banho no cachorro, dia de me preparar psicologicamente pra mais uma etapa do mestrado. Dia de enrolar pra estudar novamente pra mais uma etapa do mestrado, dia de sofrer mais uma vez com uma nova TPM, dia de achar graça nas coisas, dia de não achar graça em nada, dia de festejar em família, dia de tirar fotografias. Hoje foi mais um dia. Mais um dia se foi. Hoje o Gabriel fez um ano. Hoje eu me senti um pouco menor. Hoje eu vi que posso ser grande, vi que o tempo passa. Hoje eu comi mashmallow. Eu comi pastelzinho de milho.Eu comi bolo de festa, eu comi. Eu comi muito.

Hoje eu descobrir coisas novas. Ouvi um amigo dizer que virou fã de PJ. Hoje eu ouvi elogios. Eu ouvi meu amor. Hoje eu ouvi músicas da galinha pintadinha. Eu fiz gente feliz. Eu me senti feliz. Hoje foi só hoje. E hoje foi tão bom!

Que os dias continuem sendo apenas mais uns dias, como todos os outros.Um dia como outro qualquer, em que  tudo é diferente, nada permanece e tudo se eterniza.

Que assim seja,

Ameeeeeeém!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011