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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



A artista plástica Tatiana Blass criou uma performance/instalação bacanérrima, que foi exposta em meados de 2011 no Palácio das Artes. "Metade da fala na mão - piano surdo" é o título do trabalho. Um pianista executa peças de Chopin enquanto dois homens derramam parafina quente dentro do piano de cauda. O resultado final da obra é este: o instrumento completamente parafinado e mudo. E para quem vê, uma experiência estética surpreendente! 


De encher os olhos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Eu me imagino correndo em uma avenida movimentada. Há muitos carros parados no engarrafamento; muitos transeuntes; muitas lojas abertas; e um Sol lindo sorrindo pra mim. Eu olho pra cima e vejo as nuvens, o céu azul, as árvores dançando, suas folhas levadas pelo vento. Eu olho para o lado e vejo pessoas sorrirem; alguns vira-latas correm comigo. Como um atleta profissional, eu me banho com água da garrafinha. É, eu sempre quis fazer isso. Foi refrescante! Corro mais um pouco e não sei pra onde vou. Dobro a esquina, tomando outra direção. Avisto algumas placas de trânsito e muitos anúncios; alguns gramados e muitos passeios irregulares. Em outra esquina há muitos moradores de rua. Me sento com eles. Ouço o que eles têm a dizer. Me levanto e sigo. Agora caminho pelas ruas em passos largos; sem pressa, mas determinada. Ninguém pode me deter. Este é um dia muito importante, é o dia de hoje.

Algumas inspirações.




 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tem muita poesia em se enfiar debaixo de uma fonte de praça ao som de batucada em quase véspera de carnaval. Eu, Fred e dois amigos participamos hoje da Praia da Estação, em uma cidade que não tem mar, no centrão de Belo Horizonte. Como é bom! Praça Pública, Praia Pública! Viva! 



























fotos do perfil  Fora Lacerda (facebook) 
Toda rua tem sua poesia.
E em toda rua a gente atravessa.






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sobre o que eu gostaria de falar hoje? Nessa vida quase corrida de todo dia, entre abrir o facebook e a porta da geladeira para comer algo que nem se quer, pensei por um instante: sobre o que poderia falar hoje?
Nada. Mas tenho muitas coisas para perguntar. Deveria ser frustrante reconhecer  nossa finitude? É menos digno se vender por dinheiro, quando nos sujeitamos a trabalhar em um emprego ruim? E se estivéssemos pensando apenas em garantir o nosso sustento, sem luxos, patrimônio ou bobagens do tipo, de que maneira viveríamos? E se nós realmente pensássemos no próximo, o mundo seria melhor para todos? Todos os dias eu penso na alegria da vida. Acordo, me deito e sinto que só abri a porta. Por que?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

hoje eu vou botar um link aqui que é preu não esquecer: http://occupyeverything.org
não vou esquecer nunca que minha geração tá vivendo na resistência. eu também.
um beijo. acessa aí também, vai...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Após algumas horas no inglês, no italiano, no francês, no espanhol, pensei se tinha tanto assim pra dizer em tantas línguas diferentes.

domingo, 15 de janeiro de 2012

O que define você? Meia dúzia de palavras tolas? Seu nome, seu lugar, onde mora, o que faz, o que já fez, quantos prêmios ganhou, pra onde já foi, quantos amigos tem, os planos para o futuro, se é casado ou solteiro, se gosta de sol ou de chuva, se crê ou não em deus, se ouve rock ou axé, se prefere homem ou mulher? Pois é, foi o que imaginei. Também não é o meu caso.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Hoje tivemos a primeira briga do ano. Eu avisei logo que estava de tpm pra ele já preparar o arsenal bélico, levantar a  bandeira branca ou bater em retirada. Mas o adversário estava cansado da guerra no trabalho e eu acabei ficando só me lamentando mesmo por um dia meio inútil. No final das contas, ele estava certo, e eu errada.

Depois da briga, desfiz os meus caprichos, desci do salto e rumei de volta pro planeta Terra. É que ele é um estudioso dos  óvnis e eu sou uma alienígena que vive no mundo da Lua.

Hoje gravei dois poemas em áudio e uma declaração de amor musicada. Ele pagou as contas e fez ponderações sobre a viagem. Antes disso, sonhei acordada  três vezes com o dia do nosso casamento. Ele botou no papel as ideias concretas e já depositou o dinheiro. É fácil, ele tem senso de responsabilidade e eu gosto de dar trabalho.

E eu sou a desbaratinada. Até pularia de um precipício só por diversão, se não tivesse medo de altura. Ele carrega o casaco em tarde nublada pra não ficar resfriado. Eu pensei em acampar na praça com uns estranhos pra ser revolucionária.

Uma das perguntas que ele mais me faz é: Isso é seguro, amor?. Eu vejo os filmes de drama pra chorar no final. Ele se diverte com os seriados pastelões americanos. A gente brinca de lutinha e eu gosto quando ele me golpeia em um ataque de YAH inesperado. Lá em casa, ele prepara o café enquanto eu roubo a comida antes do lanche.  Ano que vem vamos pra Buenos Aires, mas pra isso temos que economizar. É, eu estou aprendendo...
 Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.



Marina Colasanti (1972) 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

será que eu virei uma chata de galochas que só fala de política, pensa em política, come política e trepa política o tempo inteiro? Ou será que o mundo inteiro é estúpido e todos querem ir pra Miami Beach?
Vou pelos altos e baixos do mundo
Contigo, sozinha, pelos cantos
Irei?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Vejo-o dormir com a tranquilidade de quem não se exaspera. Ele se compadece mas não ao ponto de perder uma noite de sono por esta ou aquela questão. Todas lhe parecem ser tão menos importantes que a sua própria vida! É quando eu sinto um aperto no coração, uma dorzinha latente no fundo do peito e um pouco de raiva também. Raiva dele, e de mim mesma, por eu não saber viver de outro jeito, sem angústia, sem cruz, sem inquietude.

Ele, no entanto, dorme. Sem pena, sem cruz, sem dor alguma. E eu, sem glórias, até o invejo um pouco por isso. Saberia bem como despertá-lo, penso. Mas por hora prefiro me virar na cama e dormir também.
Um dia quem sabe, ele saberá. Um dia quem sabe, eu entenderei.

Nessa vida a dois os pensamentos se convergem quase sempre, mas quando o 'quase' aparece, sabemos que o embate é inevitável. E curiosamente, porque assim é o amor, o dissenso entre nós faz com que eu o ame ainda mais porque no fundo prevalece em mim a mais profunda admiração por ele.

Agora ele sonha. Dormiu sem jeito, da maneira que deitou na cama. Dorme sono de vigília e não se mexe pra não me incomodar na escrita. Acho que vou acordá-lo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ah, escrita que não nos vem quando precisamos dela. Existem dias extremamente produtivos e outros bagaceiramente inúteis. Estes últimos são do tipo que vivi hoje. Ainda pra estragar a dieta: biscoito de chocolate recheado. E agora eu te pergunto: o que será da minha autoestima?

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


A poesia e as imagens (esboço de um texto futuro) 

Penso que a poesia está intimamente relacionada à nossa capacidade de relacionar coisas a outras coisas, criando assim, uma rede de significados "poéticos". Nada é poético por si só, mas assume um caráter poético quando relacionado a outras coisas. Nessa perspectiva, a poesia é um arranjo, uma composição, união de elementos  similares ou distintos; tom, desafino; leveza, força, palidez, vivacidade e morte. Como tenho uma relação forte com as imagens, vejo poesia sempre nas experiências estéticas, de qualquer natureza, lindas ou horrendas. Basicamente, tudo tem o seu valor e uma carga poética considerável.  

Na imagem acima, instalação "Desvio para o Vermelho" de Cildo Meireles. Quantas alusões! 


Estamos escrevendo uma matéria sobre o ciberativismo de 2011. Eita ano incrível pro mundo inteiro! Estou empolgadíssima! Muitas boas lembranças esse ano me deixou, mas a maior delas foi a promessa de que depois dele nada mais seria o mesmo. E não foi mesmo.