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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

estudei comunicação porque queria ser jornalista, aí eu fiz publicidade pra criticar a propaganda. quando me formei quis fazer cinema. estudei política e fui protestar na rua. fiz um vídeo sobre um estranho. minha vida faz todo sentido do mundo quando tô no meio da multidão. eu costumo fazer uma coisa diferente todo dia. dá trabalho pra caramba, mas é bão demais! hoje eu já consigo beber dez copos d'água por semana. não me sinto mais saudável por isso. um dia vou ser vegetariana, mas não vai ser suficiente. mudo os planos a todo instante. sou geminiana. E talvez seja desnecessário dizer: sou idealista. descobri que escrever sem maiúsculas é mais legal, mas é tão difícil mudar os hábitos... já pensei em largar tudo, mas não deu certo. já me importei mais com o que os outros pensavam de mim, mas não deu certo. Já pensei que a vida podia ser vivida sem leveza, não deu certo. em todo o resto eu fui feliz. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

às vezes tenho a sensação de que partirei cedo. De doença ou de amor, sabe lá... e sinto muito por isso. Sinto mesmo, só por estar viva...um contentamento triste de quem se vai. Ao mesmo tempo, sei que pode ser também um pouco, se sabe, de sabedoria disfarçada em mim, de ter a certeza de que nesse mundo, essa é a verdade e talvez nada mais. É verdade, bem se sabe, que um dia, todos terão de ir, que um mundo tão grande e vasto e eterno e de tanta gente não se compara à nossa ínfima existência e que talvez, por isso também, nenhuma sabedoria humana dê conta de qualquer sabedoria da terra, nem pode ser comparada a um fio de ação da natureza. Nós, seres etéreos, de símbolo, de falta, nem disso nos damos conta... pobre de nós! Ainda tenho muito a aprender e sigo assim, tateando na linha turva da existência o conhecimento todo que me falta, que eu nunca saberei e que jamais será o bastante. Vou engatinhando para o conhecimento deste fim de ciclo, que é a vida terrena. Boa reflexão para o fim de ano, encerra-se um ciclo, começa outro. Somos nós que passamos e todo o resto que permanece. Mas o fato é que não basta ser sem pensamento.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

era violentamente doce
Amor, quanto tempo a fumaça do cigarro vai continuar no meu pulmão, perguntou já debaixo do chuveiro. Foi engraçado. Quanto tempo a fumaça do cigarro vai ficar no meu pulmão, amor? Te pergunto o mesmo. Respostas diferentes.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

meu desejo é ter que fazer tudo pra não ter que fazer nada.
é só fazer aquilo que se quer, na hora exata da vontade mesmo.

o tempo passou e eu fiquei aqui
nesse computador fixo
e vi a chuva cair com força lá fora
destroçando tudo

é só mais uma tarde de fim de ano
as coisas se arrastam
o tempo escorre pingando do teto
 e esse total desconhecimento de ser

uma produtividade sem fim
a falta de finalidade mais pura
não há demora sem pressa

eu sinto desejos mútliplos
de ligar uma tela e projeção
reproduzir som de água caindo

de dormir com retalho carmim
de pisar em grama serena e vento

eu não vejo nada além da política das coisas todas
o mundo inteiro é contestação
eu luto por liberdade
pelo meu querer de sempre
sempre novo
nunca novo

eu quero não desejar nada que me ofereçam
alguns chamam isso de independência
outros de frescura
mas pra mim
liberdade existe só assim mesmo

quando o desejo é maior
mair que a própria existência

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

me desenha um carneiro, pediu o principezinho.
Eu já tive mais medo de chuva. Ainda tenho, mas agora menos. Hoje, quando a chuva cai, fico pensando em quantos barracos desmoronam por aí, em quantos carros são arrastados pela correnteza, em quantas crianças jogam futebol nos campos de terra debaixo da tempestade, em quantas famílias pobres ficam sem luz o resto do dia nos rincões. Enquanto eu, dentro do meu apartamento, no quinto andar, com todas as janelas fechadas, sinto assim um tantinho de medo. Medo que nada! Sai pra lá, bicho ruim!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011




Poesia escorre da fresta,
Recolhe num canto
Mancha o piso de tinta
Esmaece
Bate na pedra
Permanece.

Fala conosco calado
Nada pelado
Anda quieto e ligeiro
Sem ninguém perceber
Sobe o morro
Picha a cidade
Corre de um lado

Levada no vento
Não quer perecer

É registro
É palavra
É silêncio
É sofrer

Poesia não é nada pra quem não a vê


alguns minutos depois. 



É verdade, só se pode fotografar o que é "fotografável". Mas a casca da banana fotografada parece ter cinco dedos - três abertos e dois dobrados - sobre a mesa. E se você olhar mais uma vez, pode até ver outra coisa, quem sabe. Queria um USB na mente e no coração, pra descarregar a todo instante as imagens que se formam na imaginação. 

sábado, 10 de dezembro de 2011


Felizmente, nenhuma frustração dura muito. Acordei às sete e sentei bem aqui. Não tinha nada pra escrever. Fiquei só pensando. Antes chorei um pouco, mas não se pode chorar para sempre. As palavras vieram em seguida. Escrevi compulsiva, tentando fazer algum sentido. Tentando provar pra mim sabe-se lá o quê. Mas aí me lembrei daquela noite já quase distante, do álcool que bebi precipitadamente pela vitória incerta. E a gente não entende direito por que faz essas coisas, eu não entendo... deve haver alguma alegria na incerteza. Eu amarguei a ressaca do dia anterior e experimentei um minuto de felicidade pelo sétimo lugar. Depois, chorei todos os outros minutos do dia pelo dinheiro que não tinha. Tentei me lembrar de tudo que aprendi desde novembro. Só saiu isso: em todo processo (comunicativo) há fraturas e elas se revelam. Mas certas coisas não se resolvem: cá estou eu, escrevendo novamente. Se a noite foi difícil, acordei cedinho e vi o sol nascer. Felizmente, nenhuma frustração dura muito. Se algo mudou, além da experiência, foi só mesmo a minha  ingenuidade. Por enquanto,  até breve, mestrado. 

sábado, 3 de dezembro de 2011



Hoje foi um dia. Dia de dar banho no cachorro, dia de me preparar psicologicamente pra mais uma etapa do mestrado. Dia de enrolar pra estudar novamente pra mais uma etapa do mestrado, dia de sofrer mais uma vez com uma nova TPM, dia de achar graça nas coisas, dia de não achar graça em nada, dia de festejar em família, dia de tirar fotografias. Hoje foi mais um dia. Mais um dia se foi. Hoje o Gabriel fez um ano. Hoje eu me senti um pouco menor. Hoje eu vi que posso ser grande, vi que o tempo passa. Hoje eu comi mashmallow. Eu comi pastelzinho de milho.Eu comi bolo de festa, eu comi. Eu comi muito.

Hoje eu descobrir coisas novas. Ouvi um amigo dizer que virou fã de PJ. Hoje eu ouvi elogios. Eu ouvi meu amor. Hoje eu ouvi músicas da galinha pintadinha. Eu fiz gente feliz. Eu me senti feliz. Hoje foi só hoje. E hoje foi tão bom!

Que os dias continuem sendo apenas mais uns dias, como todos os outros.Um dia como outro qualquer, em que  tudo é diferente, nada permanece e tudo se eterniza.

Que assim seja,

Ameeeeeeém!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mas o que estamos fazendo? 
Saindo da cama
apertando parafusos
respirando ar pesado 
chorando de tristeza 
de alegrias 
de solidão?


O que estamos fazendo? 
Esperando que alguém chegue
que alguém se vá 
que venha nos salvar 
Esperando aquele emprego 
que nunca quisemos 
pra nos reificar? 


O que queremos? 
Contamos com a sorte
Com a benevolência do destino
Com as roupas lavadas
Com o carro na garagem 
o shopping pra sublimar? 


Com o que sonhamos? 
Com a liberdade 
com a satisfação 
com um beijo doce
com a nostalgia 
de um tarde de mar? 

Às vezes eu fico triste.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

Nas redes sociais se diz tanta bobagem que às vezes eu fico com pena de mim por ter que ler tanta merda junta em uma time line. Por essa razão decidi poupar meus colegas de algumas bobagens que eu digo e vou colocá-las somente aqui. Como garantem as socialites de São Paulo, isso é uma questão de justiça social. Não tenho a menor dúvida.
Da série: Filosofia de buteco

O que você quer da vida? Pergunta estranha.
Por que ninguém nunca pergunta o que a vida quer de nós? 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Da série: Billy, o cãozinho (do mal) 


Billy, o cãozinho, bebeu da fonte de tom zé: é um subvertedor da ordem, do respeito e da lei. Quando os cômodos da casa estão fechados, ele, num ato de rebeldia, mija nas portas, em todas elas, uma a uma, espalhando gotinhas amarelas de urina pela casa. Em seguida, olha pra mim feliz e me arranha o braço, exigindo carinho.  Atendo imediatamente o pedido. Sim, sou submissa aos caninos. 



31 de Outubro de 2011
Marina Bessa
Amigo, me esclarece uma coisa: o uso recorrente da palavra "merda" nos diálogos das novelas da Globo pode ser considerada uma tendência narrativa da teledramaturgia brasileira? Estou impressionada com essa incrível "adequação" de linguagem! Hahahaha!
Rafael Drumond
hahahahahahahahaha
sim, é uma inovação na linguagem teledramatúrgica, que, de forma geral, é afinada às competências dos espectadores que lhe prestam audiência.
hahahahaha
antigamente era bosta, hj é merda, em breve vai ser cu msm.
Marina Bessa
Acho digno! Nada melhor que "CÚ" dito assim bem alto e retubante no ar!


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ó vida
Como eu te amo, vida!

Tudo posso ter de ti

Me darás?

Fecho meus olhos e sinto sua brisa
fresca
fria
leve

Seus campos verdejantes

Se viajo pra bem próximo
Vejo o mar
seu soluço
e clara espuma

Se ouço o vento
faço música

Se caio morta em terra
sou eterna

Ó vida o que mais posso querer?
Percorrer caminhos que ainda não fui?
Saltitar feliz por entre seus bosques?
Respirar o calor de cada raio de sol?

Escalar suas vastas montanhas
Explorar seus rios profundos
Passear por ruas inúmeras
perdidas num mapa que não se vê

Que posso eu?
Ser que de dinheiro depende
pelo medo se prende
de dor
de angústias
espera

Que posso eu querer?

Pobre de mim
Diante de sua exuberância, vida...
ouço a chuva cair
vejo o dia nascer
canto na noite as estrelas

Só sei contemplar-te
Não existe tempo melhor que esse
Não existe nada além
És completude
És por si só

Que sou eu?
Somente alguém que espera
Que crê em ti?

Alguém que desperta?
Não precisas deste mundo que fizemos para ti

És soberana
Os homens se perdem em objetivos rasos
não conseguem enxergar além

Sinto que nasci pra louvar a vida
Sou grata.

Amém.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

faço versos
                de rima fácil
conto palavras


escrevo de tédio
escrevo de gosto
se não escrevo
morro

quinta-feira, 10 de novembro de 2011


eddie, amor.
Nenhum mar é igual ao outro, por isso, navegar é preciso.
Não há dor maior que não ser. Eu sou parte no mundo, devo dizer.
Prometi não desistir dos meus sonhos. Sonho vivendo.
Não há desilusões. Se há morte, se ela é o fim, eu pairo no meio.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Há muito de mim
em mim
Há pouco de mim
Nos outros

Pouco
De mim
em mim
Há muito
Dos outros
em mim
(H)a
quase nada.
Papai não para de tossir.
O que posso fazer por papai?

Jogo fora todos os cigarros?
Exijo que vá ao médico?
Forço conversa civilizada sobre o assunto?
Faço tortura psicológica?
Invento uma chantagem emocional?
Assisto indiferente?

Diante da dura realidade, papai:
Finge estar resfriado e assoa o nariz
Acende um cigarro
Zapeia na tevê entretenimento fácil
Procura não pensar
E acende um cigarro

Sai pra rua
Depois de deixar o dinheiro do almoço
Acende outro cigarro

Volta da rua
Toma um gole de café
Acende mais um cigarro
E liga novamente a tevê
E acende mais um

Come algo que não lhe faz bem
Acende mais um cigarro

Reclama da falta de dinheiro
E acende um cigarro

Reclama da falta de tempo
E acende um cigarro

Tenta uma prosa
Sem sucesso
Acende outro cigarro

Olha pela janela
Brinca com os caninos
Acende mais um

Assiste mais um pouco de tevê
Vai ao banheiro
e acende três, quatro cigarros
enquanto lê jornal sangrento

Tem ilusão de férias
Tem esperança que as coisas vão melhorar
Tem alegria que espera
Pacientemente
Traga rapidamente
Vão-se os dias

E se entristece
Se não encontra saída
Se a vida não lhe sorri
Se anima em silêncio
Diz pra si que a vida já é boa
Que mais há de precisar?
E convicto
Acende cigarro


Conversas triviais
perguntas de todo dia
repetido
vai ver os pais
E acendeu todos os cigarros

Ouve mil alertas todo dia
Pensa que um dia será

E sai para o trabalho
Respira fundo
Pesaroso
Vida árdua
E isso carece de mais um

É tarde,
Papai está de volta
A mesma blusa surrada
Um novo cigarro entre os dedos
Baforadas nervosas
Senta-se em frente à tevê

Vê notícias ruins
tão distantes...
Já não lamenta
Triste realidade
Que aparece jornal

É todo dia a mesma coisa, diz.
Cansado
Acende mais um

Come mais um pouco de comida ruim
Diz novamente não ter tempo

Tenta novamente uma boa prosa
mas diante da dificuldade não rende
Emite então, do alto de sua certeza
opinião mais conversadora e simplista possível
Aceite, ele diz
Deve ser isso mesmo
Não questione.
Se tem que fazer faça
Resigna-se
Conversa encerrada

Acende então outro daqueles
Se volta para a tevê
Olhos fixos na tela
Diverte sem piscar

E mais um café
E mais uma noite
Se deita às três da manhã
Televisão ligada no quarto
Fuma na cama

Papai não para de tossir
Reclama do joelho
Sofro
Não consigo deixar de julgá-lo

Preocupo-me
Não digo nada

Que posso fazer por papai?

Fecho a porta do quarto
Barulho de isqueiro
Papai sai em silêncio
Mas antes
Pergunta pelo dinheiro

Respira profundamente
Sai em silêncio,
E antes
Acende um cigarro.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O dia amanheceu lindo em Belo Horizonte. Céu azul, brisa de primavera...e eu, embora não tenha amanhecido tão linda, haha, sinto uma vontade imensa de cantar a vida, de sair por aí e aproveitar cada segundinho desse sol e desse piar de passarinhos. Fuxicando aqui e ali, encontrei dois poemas lindos do Drummond. Tão lindos quanto o dia de hoje, acho! Então, é só viver esse tempo e respirar esse vento, nada mais.


“...ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.


A montanha pulverizada

Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra de meu pai e meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa. 


Era coisa dos índios e a tomamos
para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é a sua vista a contemplá-la. 


De longe nos revela o perfil grave.
A cada volta de caminho aponta
uma forma de ser, em ferro, eterna,
e sopra eternidade na fluência. 


Esta manhã acordo e
não a encontro.
Britada em bilhões de lascas
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
- trem maior do mundo, tomem nota -
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo a paisagem
mísero pó de ferro, e este não passa.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

tudo isso que pensei já foi pensado.
então,
é hora de pensar mais sobre isso.
Sabe como você descobre que passou de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle?
Quando você, sozinho, sem nenhuma coerção, decide comer agrião no almoço porque é saudável.

A propósito, quem foi que disse que esse troço é comestível, hein?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu ando nessa onda de cocriações, com hífen ou sem hífen, hein, aff!?! E o Fred brincou comigo porque eu parafraseei o Gil com o "cocriar" dele e fiquei dizendo a mesma palavra diversas vezes. Ele achou engraçado, sabe...

cocriar
co-cocriar
cococriar
cocôcriar
cocó-criar
cú-criar


Assim cocriamos este poema. E por fim concluímos lindamente essa dose poética:

- Cu não tem acento porque é um monossílabo atônico, eu disse.
- átono, na verdade, ele corrigiu.
- É. Mas "tu" tem, tem acento, reiterei.

Uma pausa para reflexão:

- Tem também não, ele disse.
- Hã...

Fiquei pensando três coisas após essa digníssima conversa:
1) Eu erro tudo de português
2) Namorar filho de professora é bom, mas é foda!
3) Se você procurar o significado da palavra "atônico" no dicionário, irá descobrir que o cu (sem acento) jamais poderia ser atônico, por razões fisiologicamente óbvias...
Anúncio publicitário do dia:

Existe um mundo antes e depois de um cappuccino com chantilly e nutella. Se você não sabe do que eu estou falando, experimente!

Você encontra um desses assim bem delicioso no boulevard shopping, num café que fica bem na entradinha do primeiro piso. Não sei o nome do lugar...

Infelizmente, o cappu custa mais do que deveria, mas ainda assim, o preço é acessível e o sabor é estupendo, minha gente! 

Quidilícia! 
Dose poética de hoje por Igor Amin:

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Fiquei pensando sobre o programa de hoje enquanto voltava pra casa. Dentro do ônibus quietinha...lá fora um mundão barulhento, cheio de carros engarrafados pelas obras...

É que hoje, 18 de outubro de 2011, conheci um lugar fantástico: a Casa MAC, uma espécie de centro cultural, espaço para eventos (silenciosos), oficinas, exposições e afins lá no Cidade Jardim.

Pirei com o lugar e, por isso tirei muitas e muitas fotos. De um tantão que tirei, restaram 13, que editei, tratei, lambrequei e publiquei na rede.

Minhas fotinhas impregnadas de percepções minhas daquele lugar podem ser vistas no facebook e no flickr, mas não recomendo =D

Uma pena que as fotos não dão conta das nossas emoções, nem das nossas lembranças, nem de quase nada mesmo. O ato de fotografar é mais interessante que o resultado. Porque depois que vi os registros na tela da câmera achei mesmo que aquilo ali não era o que tinha visto lá. E fiquei pensando dentro do ônibus , engarrafada no trânsito frenético da Antônio Carlos, justamente isso.

O que vou dizer é bem óbvio, mas como eu adoro obviedades...bem, vou dizer mesmo assim!

 Fotografias, vídeos, versos, posts como este, perfis em redes, etc., são registros da subjetividade humana em ação, em constante processo de significação. Processo de produção, edição, re-edição, compartilhamento e, portanto, re-significações. Isso engendra, assim, um monte de coisas que não param nunca, sabe...é a força do processo! Acho o processo das coisas bem poderoso, bem mais poderoso que o resultado da coisa em sim. E por falar "em si", a vida é processo, não é resultado. Se fosse resultado eu viveria pensando na morte, que é, pela lógica, o resultado do processo "viver".

Isso é fato, mas também é um fato mentiroso pra quem é ser humano, bicho cheio de simbolismo, como nós. Não vivemos assim, pensando que todas as nossas ações, cotidianamente, nos conduzem para um único fim, desculpe o trocadilho, rs: a morte.

Lembro agora das aulas de semiótica que não tive e penso, na verdade, eu filosofo engatinhando: até isso é simbolismo! Essa mania que temos de nos "enganar" o tempo inteiro, tentando esquecer nosso fático futuro. E por que fazemos isso? Porque o início ou o fim não interessa. O que já foi ou quando vai ser, onde vai ser, e ainda, de que vai ser, nada disso importa ou não deveria importar, não é mesmo?

O que nos interessa mesmo é a  vida. Esse nome que damos ao que acontece no meio.

A vida é o meio do caminho: o que somos, onde estamos, como estamos, enfim, nossas ações e estado de espírito acontecendo right now  ou como diria alguém importante que não me lembro o nome: meu tempo é agora. E é mesmo.  E é óbvio, mas ainda assim nos ocupamos de tantas imbecilidades, nos prendemos aos passado e nos pegamos dizendo: mas no meu tempo as coisas eram diferentes...

Bom, eu acredito mesmo nisso! Quando você tem tempo pra pensar na vida, pensa coisas realmente incríveis. Quando tem tempo para pensar no processo e não no início ou no fim, se sente mais feliz e realizado. E quando você tem tempo pra pensar nisso, você, provavelmente, está desempregado, como eu. Brincadeirinha.


Quando escrevo essas coisas, acho que não passei quatro anos da minha estudando essas paradas na faculdade. É como uma criança que encontrou antes do Natal o presente do Papai do Noel, sabe. No meu caso, sinto que abri meu presente depois do Natal. As coisas começaram a ser processar na minha cabeça após a faculdade. De repente, eu vi uma nova cena, na qual tudo é diferente e possível, e o dinheiro é, quase sempre dispensável.

Como é bom pensar nisso e me surpreender com essas obviedades da comunicação! Vou continuar pensando, isso ainda vai me levar a algum lugar, hehehehe...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Colocando poesia na Rede


Uma estupenda oportunidade
para a comunidade de poetas aficionados
disponibilizar poemas na rede
sentir que são celebridade

Nada mais pensa,
nossos pensamentos são lidos
por pessoas a quilômetros de distância
as quais nunca veremos
das quais nunca saberemos

Velhos e experientes
Jovens e entusiasmados
Gente de todo o mundo
de muitos contextos, de vários aspectos
compartilharão sua palavra
Podemos ter rápida retroalimentação
que não teríamos se estivéssemos sozinhos

Quando escrevemos, não sabemos
como responder à pergunta
“É um poema?”, Sim ou não!
Mas quando os divulgamos, se são escolhidos,
estamos certos de que muita gente especializada
irá lê-los e preferi-los,
esse pensamento entusiasma o coração

Não temos que escrever uma e mais outra vez
para enviar esses poemas
às pessoas próximas e queridas
mas simplesmente dizer-lhes
que procurem na Rede
Podemos aprender a linguagem, o estilo,
o ritmo e os esquemas de ideias
de outros versos
para ativar nossos sentidos.

Uma estupenda oportunidade
para a comunidade de poetas aficionados
colocar poemas na rede
sentir que são celebridade.


Prasanthi Uppalapati

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MANIFESTO DO NOVO EU

A partir desta data, 15 de outubro de 2011, declaro que EU serei uma nova pessoa, bem melhor do que eu de ontem e pior do que serei em 2021.

- Fica instituído que o pessimismo deverá passar longe e o conhecimento reconhecidamente incipiente sobre todas as coisas será sempre bem-vindo, que pode ser uma tentativa de enaltecer a modéstia e afastar o envaidecimento burro.

- Também declaro que o palavrão terá papel fundamental em meu vocabulário, tendo em vista a necessidade expressa de não somatizar as coisas ruins pra não ter câncer após os 45 anos. Para os mesmos fins, também devo evitar cigarros, sazon e, conforme recente pesquisa, sexo oral sem proteção com desconhecidos.

Ser uma nova pessoa é algo bastante complexo, mas como não quero pensar nisso, sinto que se seguir essas duas sutis regrinhas terei sucesso em minha nada mole empreitada. Será?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

cansei da andança de hoje, debaixo daquele sol escaldante.
pensamentos de vanguarda me atravessam.
estou em momento de transição ou só out of service.
Repudio essa vanguarda elitista na qual falso é o discurso do acesso
Repudio também meus pensamentos: não pertenço a eles
eles não me pertencem
Todavia, a insatisfação é constante
Os erros inúmeros
E não consigo escrever sem acento
Sem distinção
Sem maiúsculas ou minúsculas
Sem medo ou presunção.

Eu sinto
Sinto a força desse tempo
Posso dizer sem falsa modéstia
Mas que vanguarda é essa que não se assume
Perguntam?

Papai não entendeu a manifestação na praça
Take it easy, baby
Eu também não entendo
No entanto, entendo o que preciso
E do jeito que caminhamos
Não vamos assim muito longe, sabe
Protestar é a porta de saída

Eu preciso
E preciso do imprecisável nesses parâmetros
Sou insurgente
Mas já entendi que entender é,
no mínimo
totalmente desnecessário

Por isso
Eu canto
Eu danço
Eu choro
Tanto
Tanto
Mas que é
pra dizer assim
Cansei, baby
cansei de ir ao shopping.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Porque eu sou eu e você é você. Mas se isso um dia não fizer mais o menor sentido, seremos só nós mesmos. E assim seja! Amém!
Quando tô com meu amor eu acho que tenho certeza que vai ser pra sempre. Tenho tanto de mim pra dar. Tenho tanto dele. Sou aquele tipo de pessoa que não precisa de nada além das pessoas mesmo pra ser feliz. Acho. E na minha situação atual as coisas vão bem. Não preciso de nada além dele. Acho. Acho que queria dizer coisas sem sentido. Esse tipo que coisa que faz todo sentido. Pra quem sente, sabe... Eu sinto, e você?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cumprimentei um senhor morador de rua que tinha olhos lindos e o sorriso escondido atrás da barba longa e cinza e minha achou estranho. Por quê? Ora, porque não cumprimentamos estranhos na rua, que dirá morador de rua...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade, Procura da Poesia (1997)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

     Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
     (ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.






"Construí meu próprio palco."

Sim, Cris Guerra

sábado, 30 de julho de 2011


Coloco qualquer trilha sonora. Sempre fica bom.


Andy Warhol - Kiss (1963)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Engulo desaforos, mas com sinceridade.

Ana Cristina Cesar

domingo, 10 de julho de 2011

Os homens que conheci, quando estavam mal era depressão
As mulheres, TPM.

No passado, tive uma tepa que durou um mês
Mas tristeza mesmo, foi só um dia.

O último cara estava sempre alegrinho
Nada o fazia chorar
Mas um dia seus olhos marejaram
E antes que uma lagrimazinha saltasse pra fora
Eu falei sem pestanejar
Ficou deprimido, bem?

Ao que ele respondeu sorrindo:
Que nada, é só TPM.

domingo, 3 de julho de 2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011





























Auguste Renoir, No terraço, 1879

























Vincent van Gogh, Terraço do café, 1888



















Almeida Junior, Leitura, 1892

sábado, 25 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

delicadeza
de.li.ca.de.za
sf (delicado+eza) 1 Qualidade do que, ou de quem é delicado.2 Brandura, ductilidade, ma­cieza, moleza. 3 Debilidade, fraqueza. 4 Fragili­dade. 5 Delgadeza, finura. 6 Doçura, suavidade, ter­nura. 7 Mimo. 8 Delícia, voluptuosidade. 9 Apuro, esmero, perfeição, primor. 10 Escrúpulo, melindre, sensibilidade. 11 Atenção minuciosa, cuidado, discrição. 12Dificuldade, embaraço, sutileza: A delicadeza de uma situação.13 Qualidade daquilo que se­ sente e exprime de maneira delicada. Antôn (acep­ção 6): grosseria.

domingo, 19 de junho de 2011

                     I
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

                    IV

Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso 
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?

                     V

Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me 
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele. 
E dele também não fui lacaia.


Do Desejo (trechos), Hilda Hilst (1992)

domingo, 12 de junho de 2011



Maria Callas (1923-1977) 
Habanera, da ópera Carmen, de Bizet. 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

sábado, 4 de junho de 2011

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo, 
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!


Mario Quintana. Extraído do livro "Quintana de bolso", Editora LP&M Pocket - Porto Alegre (RS), 2006, pág. 59, seleção de Sergio Faraco.





























Compagnie Dave St-Pierre, "Un peu de tendresse bordel de merde!"

quarta-feira, 25 de maio de 2011

lucubração
lu.cu.bra.ção
sf (lat lucubratione) 1 Ato de lucubrar. 2 Trabalho intelectual noturno; vigília. 3 Estudo laborioso e aturado. 4 Esforço literário. 5 Produto de trabalho intelectual. 6 Obra literária excessivamente douta e esmerada.