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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

dormir em noite bonita de amor é quase um pecado
se a gente sonha acordado
é como fumar um cigarro

se da janela eu vejo a cidade
espero mais um pouco
me invade

tomo ar de brisa
respiro

e encho o peito de suspiros
o pensamento de palavras
e as palavras de sonhos

tudo numa noite bonita
de amor
e de pecado

sábado, 22 de setembro de 2012

Li no livro "Conversas com Almodóvar" que o cineasta tinha o desejo de filmar a sua mãe falando, contando estórias pra câmera, assim de bobeira mesmo, pra que quando ele sentisse muita saudade e quisesse ouvi-la, pudesse recorrer à gravação. Eu tenho essa vontade também, acho que muita gente tem, né!? Mas não é com mãe nem pai. Queria fazer o mesmo com o meu avô: botar ele pra falar até! E depois assistir inúmeras vezes ele contando as histórias da infância em Pedra Azul, da vida em Teófilo Otoni e das viagens de avião que ele fez pras bibocas desse brasilzão, só servindo os políticos importantes... como disse o Almodóvar, esse desejo é meio egoísta, mas juro que a minha intenção é a melhor do mundo, rsrs! Será que o vovô topa, hein!?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Fui amando ele aos pouquinhos. No começo era só curiosidade, depois o amor cresceu. Em menos de um ano eu já me imaginava passando todos os momentos da minha vida com ele: as coisas que já tinha feito e gostei, das mais importantes às mais inúteis; as coisas que nunca fiz, mas que era louca pra fazer, como ir ao show do pearl jam e chorar do começo ao fim; e também as coisas que jamais pensei em fazer (!) Com ele eu fiz. Um amor como o nosso inventa moda todo dia por muitas razões, mas acho que é, principalmente, porque a gente gosta de se reinventar.

A gente foi aprendendo a amar junto, e todo dia eu amava uma parte dele que não conhecia. Depois de tanto tempo juntos a gente já ama um todo por completo. Por exemplo, eu amo a orelhinha dele, que tem pelugem aveludada nas beiradinhas do lado de fora, mais ou menos do mesmo jeito que ele ama morder o meu nariz (?)

A gente ama se atacar por qualquer coisa, faça chuva ou faça sol, os ataques são divertidos e é sempre uma alegria.Se tem uma coisa que vamos ensinar aos nossos filhos é isso: ataque sempre que precisar ou quando tiver vontade, hehe.

Amamos fazer tudo juntos. E não dispensamos passar um dia inteiro sem fazer nada, só de perna pro ar. Eu já amei ele tantas vezes que nem sei...Perdi a conta de quanto tempo fiquei vendo ele dormir um sono ferrado! Suspirar, franzir a testa e relaxar de novo. Aí abrir os olhos e sorrir quando me vê a contemplá-lo.

Eu já amei ele tantas vezes só de assistir ele comer, e gemer por achar bom; de vê-lo conversar com alguém, de vigiá-lo enquanto ele pensava na vida; ou abraçá-lo quando chorava só de ouvir música! Já amei ele tantas vezes e de tantos jeitos na cama: na dele, na minha, e em tantas outras, de tantos quartos e tantas casas diferentes!

Sinto que desde que o conheci só sei falar de amor, embora fale também de tantas coisas: de política, de revistas, de cinema, de televisão, de viagens, de projetos, de amigos, de medos, de tudo mesmo que me interessa, que interessa a ele. Vejo nisso tudo muitas formas de amor, travestido e a pulsar. Falo tanto para ele todas as bobagens que penso nessa vida que fico até com pena! Mas como a gente fala pra caralho, eu nem me culpo tanto mais, haha!

Desde que ele foi para o Pará eu divido os dias entre conversas sobre cidades, eleições, sol, chuva, rio, chegadas e partidas. No meio disso, sobra tempo de sobra para devanear. Perco a conta de quantas vezes interrompemos qualquer conversa para falar do futuro, planejar os próximos encontros, os passeios, as tarefas e, claro, discutir o casamento...mas como tudo nesse processo é importante, também falamos de açaí, de tapioca, de cacau, enfim...comidas gostosas que vou comer em breve, nham, nham.

Alguns casais se declaram em silêncio. Nós somos da palavra. Deve ser por isso que precisamos dizer um ao outro que amamos, de todas as formas e modos possíveis. A cada "saudade" que sai da boca dele eu entendo como "te amo", "preciso de você", "sinto tanto a sua falta", "fica comigo". E quando escuto isso, fico contando os minutos do lado de cá, só para ver o rostinho dele de novo...

Fui amando ele aos pouquinhos. Não sei precisar quando foi que o pouquinho virou poucão. que o tantinho virou um tantão. E de tantão passou a ser tudo. Sei que amo demais e gosto de dizer isso sempre: que eu amo ele tanto que nem sei, rsrs...




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

de repente aconteceu:
ela parou de procurar um emprego para ganhar a vida.
em troca, ganhou um viver mais excitante
e uma atividade diária prazerosa,
um fazer que lhe trazia muitas alegrias,
emoções, conhecimento...
e nele ela se realizava, se via, se encontrava.
ainda conseguia tirar dali o seu sustento,
e até mais do que precisava!

a partir de agora ela iria se adaptar a muitos dias de folga
pra fazer o que desse na telha,
e fazer deles dias produtivos
sem horário pra cumprir.

era trabalhar sem ter que sofrer,
será que poderia crer?

estava reconfigurando mesmo o sentido mais comum do termo
trabalho

ela tinha tempo para aguçar um querer maior
era mais posição, colocação profissional e outras bobagens do tipo
quanta ironia é a vida, pensou.
quem foi que inventou isso,
de alguém ter que se submeter para ser?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

meu amor voltou do pará.
combinamos o reencontro no lugar onde nos encontramos há cinco anos, pela primeira vez.
sentado no banco, ele me viu primeiro (como da primeira vez).
perdi um tempo até vê-lo porque quis me ajeitar antes de procurá-lo
quando olhei pra frente lá estava o homem do sorriso feliz! E disse: "já tinha te visto."

nós temos essa coisa de fazer competições idiotas, em que ninguém ganha ou perde, exatamente...

dessa vez ele não chegou antes de mim. atrasou porque o trânsito tava foda. e tava mesmo!
não era feriado de 1 de maio, como da primeira vez em que nos vimos.
mas era véspera de 7 de setembro...por isso ele engarrafou :(

como tive tempo, perambulei.
tive tempo pra ficar brava porque ele atrasou.
tempo pra comer a bala que tinha guardada na bolsa.
tempo pra raiva passar. = )

entrei na livraria e procurei alguns livros pra ler enquanto ele não aparecia.
a primeira prateleira que vi foi a do direito.
sempre vejo essa primeiro.
depois a de comunicação.
e por fim, não satisfeita com uma, nem com outra, procurei uma leitura específica.

a atendente botou o livro na minha mão e saiu.
folheei, li algumas partes, gostei.

a primeira coisa que pensei foi em levá-lo comigo pra casa.
pra ler na próxima semana, ocupando o tempo do sábado e do domingo, em que ele não vai estar aqui.

segundos depois pensei em uma coisa melhor: pedi caneta pra fazer uma dedicatória, escrevi e mandei embalar pra presente.

meu amor chegou e entreguei o presente pra ele.

entendi que amor é assim: quando a gente gosta muito de uma coisa quer dar a quem a gente gosta muito.
então eu dei.



domingo, 2 de setembro de 2012