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sábado, 7 de janeiro de 2012

Vejo-o dormir com a tranquilidade de quem não se exaspera. Ele se compadece mas não ao ponto de perder uma noite de sono por esta ou aquela questão. Todas lhe parecem ser tão menos importantes que a sua própria vida! É quando eu sinto um aperto no coração, uma dorzinha latente no fundo do peito e um pouco de raiva também. Raiva dele, e de mim mesma, por eu não saber viver de outro jeito, sem angústia, sem cruz, sem inquietude.

Ele, no entanto, dorme. Sem pena, sem cruz, sem dor alguma. E eu, sem glórias, até o invejo um pouco por isso. Saberia bem como despertá-lo, penso. Mas por hora prefiro me virar na cama e dormir também.
Um dia quem sabe, ele saberá. Um dia quem sabe, eu entenderei.

Nessa vida a dois os pensamentos se convergem quase sempre, mas quando o 'quase' aparece, sabemos que o embate é inevitável. E curiosamente, porque assim é o amor, o dissenso entre nós faz com que eu o ame ainda mais porque no fundo prevalece em mim a mais profunda admiração por ele.

Agora ele sonha. Dormiu sem jeito, da maneira que deitou na cama. Dorme sono de vigília e não se mexe pra não me incomodar na escrita. Acho que vou acordá-lo.

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